Entre as diversas formas de se difundir a escrita, merece destaque o papiro, o pergaminho e o papel, principalmente este último.
Segundo Costella (2002), desde a Antiguidade, os egípcios utilizavam o papiro, o qual era fabricado com uma planta chamada papiro e no qual era escrito com um talo vegetal de ponta afilada utilizando-se como tinta. Através de comerciantes, ele foi sendo levado para a Ásia e Europa.
No caso do pergaminho, substância fabricada com pele de animais, tem-se informações, de acordo ainda com Costella que seu surgimento foi por volta do segundo século antes de Cristo. Conta-se que Êumedes, rei de Pérgamo, tentou atrair para seu reino o principal poeta da Biblioteca de Alexandria, o que não foi bem visto pelos faraós egípcios, os quais acabaram, em represália, por proibir a venda do papiro em Pérgamo. Sendo assim, Êumedes se viu obrigado a trabalhar com a pele de animais, aprimorando assim a sua preparação e fabricação, garantindo-lhe, inclusive o nome definitivo de pergaminho.
Contudo, a escrita em couro já era utilizada muito antes desse tempo, mas a aprimoração do mesmo em Pérgamo é que lhe garante, digamos assim, a paternidade do pergaminho.
No caso do papel, diga-se, de acordo com Costella, que a glória da sua invenção cabe aos chineses, mais precisamente a Tsai-Lou, um funcionário encarregado da direção de manufaturas reais, por volta do ano 105, embora já fosse conhecido bem antes desse período, quando foi encontrado em uma tumba um pedaço do mesmo fabricado no segundo século antes de Cristo. Sua fabricação advém do tecido, contando com materiais como cascas de árvore, cânhamo e trapos. Diga-se então que a composição do tecido e do papel era a mesma, entretanto, os processos de fabricação são bastante diferenciados, uma vez que o papel resulta de um processo químico e o tecido de um físico.
Primeiramente, após sair da China, o papel difundiu-se no Oriente, passando inicialmente por locais como Coréia, Japão, Vietnã e Índia. No caso do Ocidente, conforme Costella, “primeiro veio o seu comércio; depois, bem depois, a fabricação” (COSTELLA, 2002, pg. 26). Estima-se que a primeira fábrica de papel fora das fronteiras da China, foi no Usbequistão, por volta do século VIII, quando os árabes saíram vencedores em cima dos chineses, muitos papeleiros, diga-se de passagem, os quais foram aprisionados e obrigados a ensinar a técnica de fabricação do papel aos árabes.
Logo após, outras fábricas foram surgindo em locais como Bagdá, Cairo e Alexandria, chegando também, no norte da África e, por fim, em Marrocos.
Na Europa, com a falta do papiro e com o alto custo do pergaminho, o papel teve sua vez, chegando ao continente cerca de um milênio e meio após. Costella (2002) comenta que há discussões sobre sua porta de entrada, sugerindo a Espanha (século XI) e a Itália (século XII), embora haja grande discussão acerca da paternidade. Após então, Costella alega que por volta do século XIV, o papel chegou à França e à Alemanha, em 1.405 na Holanda, em 1.495 ou até antes, conforme alguns, em 1.488, na Inglaterra e, somente no século XVIII, as fábricas chegam a Portugal, embora o comércio já existisse muito antes.
Diferente do que se possa imaginar, inicialmente o papel não foi bem recebido na Europa o que Costella diz que “explica a lentidão [...] de sua passagem de um país europeu a outro” (COSTELLA, 2002, pg. 32). Muitos diziam que o papel era frágil e, por esse motivo, “indigno de confiança” (COSTELLA, 2002, pg. 32). Para se ter uma noção, existiam reis que denominavam que tipos de documentos poderiam ser escritos no papel e outros ainda que julgavam nulos os documentos escritos imprudentemente no mesmo. Além disso, devido ao fato dele ter chegado à Europa pelas mãos dos seus maiores inimigos, sofreu um grande preconceito religioso. Outro problema encontrado foi o seu custo, que após “barateamento associado à melhor qualidade simultaneamente alcançada, fez com que todos os obstáculos pudessem ser vencidos pelo papel” (COSTELLA, 2002, pg. 33).
Nenhum comentário:
Postar um comentário